T.C. Elimane permite aos autores africanos da minha geração, que em breve já não poderá ser classificada como jovem, esventrarem-se em justas literárias piedosas e sangrentas. O seu livro continha a catedral e a arena; entrávamos nele como no túmulo de um deus e acabávamos ajoelhados no nosso sangue vertido em libação à obra-prima. Uma só das suas páginas era suficiente para nos dar a certeza de que líamos um escritor, um hápax, um daqueles astros que só aparecem uma vez no céu de uma literatura.
Recordo-me de um dos muitos jantares que passámos na companhia do seu livro. No meio dos debates, Béatrice, a sensual e enérgica Béatrice Nanga, por quem esperava ser asfixiado um dia entre os seus seios, tinha dito com as garras de fora que só as obras dos verdadeiros escritores é que mereciam que debatêssemos de faca na mão, só elas é que aqueciam os sangues como um álcool puro e que se, para agradar à moleza de um consenso invertebrado, fugíssemos do conforto apaixonado que elas convocavam, estaríamos a ser a desonra da literatura.