Sinopse
Este segundo romance de Hermann Hesse, narrativa em boa parte autobiográfica, segue a vida do jovem Hans, um rapaz inteligente e promissor que tenta corresponder às exigências e ambições que pai e professores nele projetam constantemente. Levado a pôr de parte tudo o que lhe dava prazer nos tempos de infância — passada numa pequena cidade, algures entre o rural e o urbano, que em tudo se assemelha à Calw natal de Hesse —, Hans ingressa no seminário, para cumprir o que lhe é estabelecido. Aí torna-se amigo de um jovem rebelde que aspira a ser poeta, começa a imaginar outras possibilidades, mas acabará por ser conduzido ao esgotamento. Regressa a casa, envereda por outro caminho, o da vida prática, ainda conhece alguns dos seus prazeres, mas virá a sucumbir, esmagado «sob o peso das rodas». Crítica a um sistema de ensino repressivo, que uniformiza mentalidades e as liberta de quaisquer traços de individualidade, Hans é um ajuste de contas que Hesse faz com o seu próprio passado: muito do que aqui se lê foi experimentado pelo próprio autor no seu período de formação. Tendo despertado acesa polémica aquando da sua publicação, esta narrativa foi em 1906 recebida por Arthur Koestler como «um manual de instruções para pais, tutores e professores, que ensina, de um modo pragmático, a arruinar a vida de uma jovem criatura dotada». Num tom mais otimista, após a leitura deste livro Peter Handke anotou no seu diário: «Através da escrita, conferir à juventude a dignidade que lhe foi negada em vida.