Sinopse
Esta obra, que valeu o prémio Pullitzer a John Steinbeck, trata do êxodo de uma família de lavradores que, vendo-se reduzida à miséria por uma tempestade de areia em Oklahoma, resolve emigrar para a Califórnia. A luta que todos os membros da família sustentam na sua exaustiva jornada contra os elementos e os homens e, até, contra o próprio meio de transporte, a coragem de que dão provas, a generosidade de alma que afirmam, a humaníssima capacidade de, apesar de tudo, fraternizarem uns com os outros e com os seus semelhantes trazem um sopro de epopeia, raro, mesmo hoje, em livros de idêntica ou parecida inspiração.
Críticas ao livro " As Vinhas da Ira "
Fonte:
Ana Lucia Santana
A obra “As Vinhas da Ira“, escrita pelo americano John Steinbeck, lançada em 1939, compõe um painel concreto da América no fim da década de 30, entretecido por histórias de agricultores que, durante a chamada Grande Depressão, vivem nos limites da sobrevivência, persistindo na busca de uma nova vida, contra todas as dificuldades e misérias humanas.
Neste clássico da literatura universal do século XX, o autor aborda em um estilo direto e realista a crise econômica que se abateu sobre a América do Norte em 1929, aliada ao advento do progresso tecnológico, que substitui a mão-de-obra de inúmeros meeiros, que trabalhavam nas terras em parceria com seus donos, obtendo metade dos frutos da lavoura, pelo maquinário moderno que, nessa época, invadiu o campo.
O progresso passa como um trator sobre a vida dos pequenos agricultores e de seu labor manual, obrigando-os a seguir um novo rumo. É neste contexto que o protagonista, Tom Joad, ao deixar a prisão e voltar para seu lar, descobre que sua família está na iminência de deixar as terras em que sempre trabalhou, em Oklahoma, uma vez que seus proprietários reivindicaram sua propriedade para nela implementar um novo estilo de plantio.
O clã parte então para a Califórnia, mas no caminho descobre que muitos outros grupos familiares têm o mesmo propósito, pois não pretendem se deixar dominar pela fome e pela desesperança. Assim, diversos outros agricultores estão decididos a deixar as terras atingidas pela estiagem ou por chuvas excessivas, ou reclamadas por seus donos, para tentar um futuro diferente.
A família Joad investe em um antigo caminhão os poucos recursos financeiros que lhes restam, mas ao chegarem no seu destino descobrem amargamente que há poucos empregos e estes são muito mal pagos; desta forma, muitos destes desapossados são compelidos a habitar em acampamentos transitórios no meio da própria estrada, configurando uma espécie de reserva de trabalhadores, os quais são constantemente explorados, já que constituem um exército de desempregados à disposição de empregadores à procura de mão-de-obra barata.
Este livro integra a fase mais produtiva de Steinbeck, justamente os anos 30. Seu sucesso de público e de crítica foi imediato, o que lhe valeu, em 1962, o Prêmio Nobel de Literatura. A jornada da família Joad evoca, sem dúvida, uma saga de características épicas e bíblicas.
A forma como o autor enfoca a condição humana, para ele de contornos nitidamente miseráveis, transforma As Vinhas da Ira em uma obra marcante, definitiva. É certamente perturbador o panorama da América deste período, construído pelo autor com um realismo minucioso e pungente.
O norte-americano John Ernst Steinbeck, nascido em 1902 na cidade de Salinas, escreveu igualmente o clássico A Leste do Éden e O Inverno dos Descontentes. 17 de seus livros foram transcritos para o universo cinematográfico, inclusive As Vinhas da Ira, sob a batuta do cineasta John Ford, e A Leste do Éden, mais conhecido no Brasil como Vidas Amargas, dirigido por Elia Kazan.