Sinopse

Editada pelas Publicações Dom Quixote em 1997, esta recolha de contos integra os seguintes títulos: 1. Marido 2. A prova dos Pássaros 3. António 4. Espuma da Tarde 5. A Instrumentalina 6. Testemunha  7. O Conto do Nadador.

Sete contos diferenciados  pelos retratos diversos dos protagonistas – Uma mulher que se deixa submeter à arbitrariedade de um marido bárbaro, um professor que procura no voo dos pássaros o sinal da presença de Deus, um cabeleireiro que se vinga da ausência da beleza,  jovens que procuram espaço para um resto de heroísmo juvenil diante da polícia,  uma sobrinha que rememora a sua história de amor por um tio, uma visitante que invoca uma cena de perversão entre crianças dentro de um trigal, ou uma história contada por um antigo nadador-salvador por quem cinco jovens se enamoraram.

Mas, a unir estas narrativas, encontra-se aquilo a que José Nobre da Silveira designou por “um projecto de denúncia que subjaz a toda a encenação narrativa: a beleza e o bem, tal como a escuridão e o mal, estão, de alguma forma, ocultos, são a perdição das figuras, mas também o que determina a sua sobrevivência em vários territórios de afirmação, o seu único retrato”.

Vários destes contos têm sido republicados em revistas, antologias nacionais e estrangeiras, principalmente o conto Marido.

Extras

"É de um pequeno ponto que parte aquilo que, por vezes, parece ser uma pequena ferida no real e que, quase sempre também, se apresenta sob a forma de um enigma: gestos, traços de uma personagem transformada em pura acção e alimentados por uma energia profunda, que vai traçando a história numa exemplar concentração de efeitos. São gestos miste riosos, manifestações bizarras, como que à procura de um sinal, de um sentido, impulsos de uma intensida de desordenada ou campanhas obstinadas à espera de uma revelação. É esse movimento que determina as personagens e também o comportamento, bastante carregado de nuances, das vozes que narram, quase sempre omniscientemente. Vozes cúmplices, com variadas modalizações e tonalidades irónicas, que não só sublinham e expandem esses gestos cegos como, sobretudo, indicam um projecto de denúncia que subjaz a toda a encenação narrativa: a beleza e o bem, tal como a escuridão e o mal, estão, de alguma forma, ocultos, são a perdição das figuras, mas também o que determina a sua sobrevivência em vários territórios de afirmação, o seu único retrato."
José Nobre da Silveira